Minha trajetória

Nasci em 17 de agosto de 1989 na cidade de Cachoeiras de Macacu, região serrana do estado do Rio de Janeiro. Uma cidade linda, com uma enorme cobertura florestal do bioma Mata Atlântica, onde tive o privilégio de passar a minha infância. Quando criança, um dos meus lugares preferidos era a minha escola. O acesso a bens culturais na cidade era precário e meus pais não tinham tempo ou dinheiro para viajar. Tampouco tínhamos acesso a internet, TV a cabo ou qualquer outra coisa do tipo. Então, eu chegava na escola cerca de uma ou até duas horas antes do início das aulas e ia para biblioteca ou para o pátio brincar. Nossa, como eu amava as brincadeiras de roda!
Aos 13 anos, minha família e eu deixamos a nossa cidade e fomos morar em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Foi um momento de muitas descobertas. Passei a viver em apartamento, a atravessar em semáforos e conviver com uma vizinhança completamente desconhecida. O mundo se abriu e eu queria aprender tudo! Perturbava minha mãe até ela me matricular em cursos que eu julgava importante. Em pouco tempo eu já estava matriculada em um curso de inglês, oferecido pela prefeitura municipal, e de gestão empresarial e informática.
Ao término dos cursos profissionalizantes eu não tinha a idade mínima para ingressar no programa Jovem Aprendiz, mas por ter me destacado, fui convidada para ser monitora nos dois cursos. Na monitoria eu auxiliava os professores durante as aulas, elucidava as dúvidas dos estudantes que precisavam faltar, aplicava provas... até que um dia uma professora de departamento pessoal se atrasou muito e eu precisei sair da monitoria de informática para substituí-la sem nenhum preparo prévio. Ali estava eu, aos 13 anos ministrando minha primeira aula! Estava tão empolgada que nem percebi a chegada da professora, que ficou escondida assistindo toda a aula pela janela. Acho que foi neste dia que a sementinha da docência caiu no meu coração.
Cachoeiras de Macacu

Cachoeiras de Macacu
Um tempo depois eu passei a frequentar a igreja e a trabalhar como voluntária em um projeto de ação social. Foi um período muito feliz da minha vida e acho que foi ali que aprendi a fazer os meus planos de aula...
Ao chegar na terceira série do ensino médio eu tinha convicção de que estudaria Direito e seria promotora, queria defender as pessoas e lutar por um mundo mais justo. No entanto, conheci um projeto que ajudava pessoas na África e eu queria muito participar. Então, decidi ser médica, por achar que seria mais útil. Estudando para medicina, fiquei sem tempo para o voluntariado e descobri que amava biologia. Como tudo parecia muito difícil eu busquei ajuda em um pré comunitário que funcionava aos sábados em uma escola estadual. Lá fiz amigas que me apoiaram durante todo o ano de vestibular. Nós usávamos semanalmente a biblioteca da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para estudar e sempre que tinha dúvidas mais específicas eu recorria aos estudantes que estavam com algum livro de biologia nas mãos; foi assim que conheci muitos veteranos.
Um dia, durante o pré-vestibular, eu vi um cartaz sobre o processo seletivo para o Curso Técnico de Pesquisa em Biologia Parasitária da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, como não sabia se seria aprovada no vestibular, decidi me inscrever - fui aprovada e comecei a fazer o curso. Naquele momento eu não sabia o que era a Fiocruz e nem imaginava como ela mudaria a minha vida...
Logo os resultados do vestibular chegaram e eu havia sido aprovada no curso de Ciências Biológicas da UERJ. Acho que esse foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. No final do primeiro ano do curso de graduação, a minha família retornou à minha cidade de origem e eu resolvi permanecer em São Gonçalo. Considerava inviável estudar de 8 às 17h de segunda à sexta no curso técnico, das 18 às 23h na UERJ e realizar o cansativo trajeto até Cachoeiras de Macacu em transporte público. Então eu enfrentei os desafios de se viver longe da família.
No ano seguinte (2009) eu ingressei na especialização do curso técnico e, com um horário mais flexível, pude participar do meu primeiro projeto como universitária, a convite do querido professor Marcelo Guerra. Atuei em um projeto de Iniciação à Docência realizando trabalhos de educação ambiental. Eu também fui monitora de parasitologia e voluntária em projeto de extensão, realizando a capacitação de professores.
Na Fiocruz, após a conclusão dos cursos eu ingressei no programa de Iniciação Científica, onde investiguei o funcionamento de enzimas do mosquito Aedes aegypti associadas à resistência aos inseticidas usados para combatê-lo. No entanto, pensava que era preciso olhar além dos fatores biológicos associados ao controle da transmissão de dengue; acreditava que a educação em saúde tinha um papel fundamental no controle de doenças e sem ela as informações das campanhas em momentos de epidemias seriam incompreendidas e pouco impactantes.
Em 2012 eu recebi uma bolsa para estudar na Espanha. Fiquei por lá por um semestre e passei por experiências maravilhosas. Ao retornar ao Brasil, o período de inscrições para o mestrado acadêmico em biologia parasitária da Fiocruz estava aberto. Me inscrevi na intenção de conhecer o perfil da prova e me preparar para o ano seguinte, mas por "sorte" eu fui aprovada.
Com a aprovação eu tinha poucos meses para escrever a monografia e defendê-la para não perder a vaga do mestrado. Com muitas horas de dedicação diária eu consegui concluir o trabalho, deu tudo certo e ingressei no mestrado em 2013. Os dois anos de mestrado foram intensos e com muuuuuuito trabalho, mas rendeu uma publicação em uma revista estrangeira A1!
Durante o mestrado eu voltei ao mesmo curso pré-vestibular comunitário como professora e tive o imenso privilégio de ajudar pessoas e retribuir o que fizeram por mim. Infelizmente esse curso acabou...
Após o mestrado eu comecei a trabalhar como mediadora na Caravana da Ciência, um centro de ciência itinerante, pois também me apaixonei pelo ensino não formal durante a graduação ao participar de ações de divulgação científica e realizar cursos na área. No entanto, devido a ausência de pagamento eu retornei para minha cidade de origem. Lá eu trabalhei como professora substituta no Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas municipais e estaduais por cerca de dois anos.
Em busca de mais estabilidade e vínculo empregatício eu comecei a trabalhar em um uma rede privada, em Niterói e no Rio de Janeiro, onde lecionei em todas as séries do Ensino Fundamental e Médio. Um pouco depois de entrar nessa escola eu iniciei minha carreira como professora universitária. Ministrei aulas de biologia celular, embriologia, evolução, imunologia, parasitologia básica e parasitologia clínica para diferentes cursos da área biomédica e após dois anos comecei a orientar estudantes nos trabalhos de conclusão de curso. No ensino superior eu pude experimentar diferentes estratégias de ensino e aprendi muito sobre a vida docente. Muitos dos materiais compartilhados aqui foram produzidos pelos estudantes durante as minhas disciplinas.
Atualmente eu desenvolvo o projeto de doutorado intitulado "Educação sexual no contexto museal" no programa de Ensino em Biociências e Saúde da Fiocruz e sigo como docente na universidade. Buscando auxiliar os professores e estimular a troca entre profissionais da área de educação, eu desenvolvi este site para depositar alguns dos materiais produzidos por mim e/ou pelos meus estudantes. Espero que sejam úteis, que sirvam como ferramentas para o ensino e principalmente como inspiração para o desenvolvimento de outros materiais.


Ao lado do meu ídolo Dr. Luís Rey na formatura do
Curso Técnico de Pesquisa em Biologia Parasitária.

Boneca Nina em um evento de ação social

Turma de Ciências Biológicas de 2008.1 da
Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


Bio na Rua: Divulgação científica em praça pública, promovida pelos estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

